8.21.2009

Fazer, todo político faz. Roubar, todo político rouba. Então onde marcar a diferença entre um político e outro?
Talvez em coisas como a lei antifumo e a Cidade Limpa. O prefeito ou o governador que se apresentarem no papel de entidade proibitiva e repressora ganharão votos em todo lugar. Não precisam defender a pena de morte: que defendam o banimento dos fumantes, por exemplo.
Encarnando a repressão legítima, cada governante inverte os termos da equação trivial nos dias de hoje. A saber, a de que os políticos são bandidos e os cidadãos são inocentes.

Eis que descobrimos, com a Lei Seca e a investida contra os fumantes, que os cidadãos não são inocentes de modo nenhum. São, na verdade, criminosos e assassinos.
Atende-se, desse modo, à vontade de ver, de vez em quando, a lei ser cumprida. Sabemos que, ao contrário do escroque norte-americano Bernard Madoff, não haverá condenação rápida nem garantida para os espertalhões nacionais -muito menos para senadores e deputados.

A vontade de legislação -e de fiscais- preenche, desse modo, a falta de ética de todo o sistema político brasileiro. Esperto é o governante que, antes de ser acusado, aponta a acusação de ilegalidade contra os cidadãos -por senso de culpa, os eleitores terminam votando nele.

Trecho de artigo de Marcelo Coelho na Folha de São Paulo de 19-08-09


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