11.02.2009



O blogueiro se retira hoje para meditar sobre questões fundamentais da vida na Terra, a começar pela questão que nos persegue desde o nascimento: há vida após a morte? Um tema bem adequado para um dia de finados. Como até hoje não consegui me convencer de que voltaremos de alguma forma a este estado que chamamos de vida, me rendo àqueles que por uma razão ou por outra chegaram à conclusão contrária. Eles devem ter descoberto algo que o meu ceticismo crônico não permite enxergar. Para ilustrar minha busca de hoje, selecionei um trecho de um texto de Ken Wilber, fundador da “Psicologia Integral”.

A Meditação como Treinamento para a Morte
Toda forma de meditação é, basicamente, uma maneira de transcender o ego, ou de morrer para o ego. Neste sentido, ela imita a morte - isto é, a morte do ego. Quando progride razoavelmente bem num sistema qualquer de meditação, o indivíduo pode atingir um ponto em que, tendo "testemunhado" de maneira tão exaustiva a mente e o corpo, ele realmente se ergue acima da mente e do corpo, isto é, os transcende; "morre", assim para eles, para o ego, e desperta como alma sutil, ou mesmo espírito. E isto é efetivamente vivenciado como uma morte. No zen, é chamado de Grande Morte. Pode ser uma experiência bastante fácil, uma transcendência relativamente tranqüila do dualismo sujeito-objeto, mas também pode ser aterrorizante por abranger vários tipos de morte. Porém, sutil ou dramaticamente, rápida ou lentamente, morre ou se dissolve o sentido de que se é um eu separado, e o indivíduo encontra uma identidade primaz e mais elevada no (e enquanto) espírito universal.

Mas a meditação também pode ser um treinamento para a morte verdadeira. De acordo com os ensinamentos zen, se morremos antes do morrer, então quando morrermos não morreremos. Alguns sistemas de meditação, particularmente o sikh (os santos Radhasoami) e o tântrico (hindu e budista) contêm meditações muito precisas que imitam ou induzem, com muita proximidade, os vários estágios do processo do morrer - inclusive a parada da respiração, o progressivo esfriamento do corpo, o retardamento e por vezes a parada do coração, e assim por diante. A morte física verdadeira não representa então uma surpresa, e pode-se desse modo utilizar com muito mais facilidade os estados intermediários de consciência que aparecem depois da morte - os bardos - para obter a compreensão iluminada. O objetivo dessas meditações é tornar o indivíduo capaz de reconhecer o espírito, de modo que quando o corpo, a mente e a alma se dissolverem durante o efetivo processo do morrer, ele poderá reconhecer o espírito, ou Dharmakaya, e permanecer como tal, em vez de fugir dele e terminar voltando ao samsara, à ilusão de uma alma separada da mente e do corpo; ou capaz de poder, caso escolha reentrar num corpo, fazê-lo deliberadamente - isto é, como um bodhisattva. (metamorficus.blogspot.com/2009/05/morte-renascimento-e-meditacao.html).

4 comentários:

Unknown disse...

Imitando Woody Allen: Há vida após a morte? E, se houver, dá pra tomar a saideira sem pagar? Abraçaos, Wer... neck e depois morrer.

Lee Swain disse...

A idéia de Wody Allen é o arquétipo da trapaça que tentamos sempre fazer com a morte, e que se resume a tentar alongar nosso tempo neste nosso estágio da existência. Não pagar a saideira é uma forma de lograr a nossa derradeira fatura com a morte. Werneck, você que não é bobo nem nada, sabe muito bem quem ganha no final. Mas acho que não custa tentar. Tears.

muriloha disse...

Belíssimo texto.

Murilo - editor do blog Palavras de Osho

Lee Swain disse...

Murilo, também achei, por isso mesmo publiquei.
abs